fbpx

Guia ensina homens a não serem babacas

Guia didático alerta homens para comportamentos e comentários machistas que insistem em ser reproduzidos no cotidiano e no mercado de trabalho

O ambiente corporativo ainda encontra dificuldades para acolher e impulsionar mulheres em suas carreiras e toda a sociedade sai perdendo com isso. O Brasil ocupa o 93º lugar no ranking global de igualdade de gênero, entre 156 nações avaliadas. Esses dados ajudam a comprovar o que as funcionárias vivenciam todos os dias: quase metade das mulheres já sofreu assédio sexual no trabalho. O salário de uma mulher cai 7% para cada filho que nasce, enquanto o dos homens sobe 10%. Na política, as mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 12% no Senado Federal.

A situação se agravou ainda mais na pandemia. Com um risco de demissão 1,8 vez maior para as mulheres, a taxa de participação feminina na força de trabalho no Brasil é a menor em 30 anos! E não é só isso: a violência doméstica, que já apresentava dados alarmantes no país, se agravou: 1 em cada 4 mulheres brasileiras afirma ter sofrido algum tipo de violência durante a pandemia. E adivinhe: as vítimas de violência doméstica estão entre as que mais perderam renda e emprego no período.

Só a ousadia da campanha “Como não ser um babaca”, que disponibiliza um guia didático com linguagem irreverente e dicas fáceis de aplicar, para encarar esse problema estrutural e conscientizar os homens sobre a reprodução de atitudes machistas, sobretudo no ambiente de trabalho. O projeto, criado pela Flap para o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis), teve a supervisão do instituto AzMina.

“Para além de políticas públicas que acelerem essa mudança, é preciso atuar em algo que não está nas estatísticas: a babaquice masculina diária. São formas de agir e pensar que podem parecer inofensivas, mas estimulam e autorizam violência e discriminação contra a mulher”, explica Bruno Barra, sócio-fundador da Flap. “Mais do que uma campanha publicitária, criamos algo relevante e duradouro. O livro é uma ação concreta que estimula a reflexão e a mudança de comportamento de homens de todas as idades e classes sociais”, completa Barra.

O start da campanha “Como não ser um babaca” aconteceu neste mês com foco em Brasília, onde é a sede do Sindilegis, sobretudo no Aeroporto JK – mas não está limitada a nenhuma cidade ou região. O interesse pelo assunto se comprova pelo fato de que, em sua 1ª semana de vendas, o guia didático passou a figurar no ranking dos mais vendidos na Kindle Store. A versão impressa poderá ser adquirida a partir da próxima semana na plataforma. O valor arrecadado será destinado para AzMina, coletivo que lidera diversos projetos em favor do público feminino.

O conteúdo do livro foi elaborado a partir de relatos de violências cometidas contra mulheres e da análise de situações violentas do cotidiano, ainda que não sejam socialmente percebidas como tal. “A gente acredita que muitos homens seguem reproduzindo o machismo por falta de conhecimento e reflexão. Este livro chega para ser um ‘toque de amiga’ e o fim das desculpas que você, homem, tinha para agir como um babaca”, comenta Bruno Barra. O time responsável pela campanha deixa o convite para as mulheres compartilharem suas experiências, as frases que ouviram e ouvem no dia a dia.

Viviana Santiago, consultora d’AzMina, destaca a urgência da ação: “Essa mudança de comportamento é ´para ontem’. Estamos lançando luz sobre atitudes violentas que invadem, diminuem as mulheres, mas até hoje são percebidas como brincadeiras. E isso numa linguagem acessível, que permite uma conversa com os homens, mas principalmente deles com eles mesmos”. Elisa Bruno, diretora de Comunicação Social do Sindilegis, que há anos protagoniza campanhas do Dia Internacional da Mulher, completa: “A obra é extremamente necessária no contexto atual, em que as mulheres continuam a ser vítimas de comportamentos e comentários machistas simplesmente pelo fato de serem mulheres.

Na prática

O livro “Como não ser um babaca” busca reduzir o machismo que muitas vezes não entra nas estatísticas. Fique alerta para espantar de vez esse tipo de comportamento:

  1. “Bom mesmo era antigamente…”

Essa frase só pode ser dita por quem foi beneficiado. O Código Civil de 1916 era recheado de absurdos, como “a mulher só tem direito à pensão dos filhos se for inocente e pobre”.

  1. “Ih! Tá de TPM…”

 A tensão pré-menstrual é uma realidade e pode provocar alterações de humor, acontece que essa é só uma desculpa para diminuir e desvalorizar as emoções e reações das mulheres.

  1. “Passe perfume para a reunião, hein!”

As mulheres são cobradas para estarem atraentes, como se o seu poder de argumentação valesse menos do que poder de sedução ou como se uma coisa tivesse a ver com a outra.

  1. “Ela é mais macho que muito homem.”

Mulher não precisa deixar de ser mulher para ser bem-sucedida. Caso você ainda não saiba, características como coragem, determinação e força não são exclusivamente masculinas.

  1. “Incrível! Você mesma quem fez?”

Essa frase, apesar de enaltecer o trabalho da mulher, revela uma enorme descrença em seu potencial. É como dizer: “Está bom demais para ter vindo de uma mulher. Será possível?”.

  1. “Vai pegar mal não ter uma mulher no time.”

Este não deveria ser o motivo para incluir mulheres na equipe. Que bom que a sociedade está problematizando a ausência feminina, mas é preciso entender a importância disso.

Sobre o Sindilegis

Com 32 anos de história, o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União (Sindilegis) alcançou prêmios nacionais e internacionais por sua atuação em defesa do serviço público e de causas como o combate ao feminicídio e ao machismo. Representante de servidores da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União, já protagonizou três campanhas na luta contra a violência contra a mulher.

Serviço

Livro “Como não ser um babaca com as mulheres”

Editora: ‎projeto da Flap para o Sindilegis; 1ª edição (4 março 2022)

Autora: Marcela Studart

Ilustradora: Natália Carneiro (Letras da Nat)

Colaboração: Cleide de Oliveira Lemos e Viviana Santiago (AzMina)

Publicação está à venda em versão digital na Kindle Store.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *