
O vírus e nós. Não morram por favor.


18 de abril de 2020 (do ano que a terra parou)
Friozinho típico de outono lá fora Ficar dentro de casa é muito mais que simplesmente se proteger do friozinho típico das tardes de outono mas proteger a minha vida e de outras pessoas.
Hoje completam 35 dias de isolamento, quarentena, distanciamento ou seja lá o que for. Parece uma eternidade.
Máscara virou acessório de moda: branca, preta, colorida, estampada, florida, com caveira com protestos de “fora Bolsonaro” e por aí vai.
A rotina fica cada dia mais chata. Mas sigo trabalhando, atendendo meus clientes e fazendo projetos para quando a pandemia passar. Numa breve pesquisa entre meus amigos nas redes sociais, já deu pra perceber que a maioria tá mesmo é sentindo falta de gente, de abraços, dos parentes e amigos na mesa do bar. E eu também. Minha mãe sente falta do Dudu, o neto mais novo com quem só fala por telefone de vez quando.
O vírus já matou mais de 150 mil pessoas no mundo e cerca de 2, 4 mil no Brasil. E no meio dessa tempestade, o Ministro da Saúde do Brasil foi demitido por capricho do presidente Bolsonaro. Saiu o ortopedista Luiz Mandetta, entrou o oncologista Nelson Teich que estaria mais alinhado com o discurso daquele que chamam de presidente e não respeita isolamento social e muito menos o que dizem os cientistas sobre o poder de contaminação do vírus.
As notícias das mortes diárias e das histórias que estão por trás de cada uma dessas vidas é de cortar o coração de tristeza e raiva.
No dia 9 de abril, a cidade de Cotia que contabiliza oficialmente 8 mortes, entrou em luto de novo. Dessa vez a morte repentina do Padre Pedro Bortolini, ex-pároco da Paróquia da Granja Viana, aos 62 anos de idade. Um infarto fulminante que em princípio não teria nenhuma ligação com o vírus, mas como todos os outros que morrem desde o inicio da pandemia, não teve direito a despedidas. Caixão lacrado, velório de apenas 10 minutos e o corpo seguiu para cremação.
O sistema de saúde do país começa a entrar em colapso. Os médicos começam a relatar o preocupação de terem que optar por quem vai viver ou morrer. E médicos e enfermeiros também morrem contaminados pelo bichinho maligno. Os profissionais de saúde relatam falta de condições de segurança para atendimento dos doentes, faltam luvas, máscaras e outros equipamentos.

Os números são sempre uma incógnita. Nunca saberemos de fato quantas são as vítimas do covid 19, não há testes suficientes e não há vontade política em divulgar os números corretos.
Em meio a tantas tragédias, lágrima se tristezas ainda sobra espaço para a solidariedade. Tá bonito ver tanta gente se mobilizando para ajudar os que ficaram sem trabalhar por conta do isolamento. Doação de alimentos, serviços sendo pagos antecipados, preocupação com os menos favorecidos e moradores de rua. Aí fico pensando, será que quando passar a pandemia esses valores e o espírito de solidariedade ainda estarão na moda?
E para terminar, vale registrar que em meio às tragédias, doentes e mortos há vida pulsando forte, há pessoas trabalhando muito e salvando vidas como da dona Leda, de 84 anos que ficou vários dias internados no Hospital São Francisco em Cotia e se recuperou. (Foto da capa: Amazônia Real)
- Episódio 1 – Relatos da quarentena
- Episódio 2 – Um dia de cada vez
- Episódio 3 – Somos todos suspeitos. Somos todos vítimas
- Episódio 4 – Tensão e medo