
O vírus e nós. Chegou o “novo normal”

22/23 de junho de 2020 (do ano que terra parou)
Quase um mês se passou desde que estive aqui pela última vez. Muita coisa mudou desde então. Já passamos dos 90 dias confinados e meu humor anda péssimo. Contrariando as estatísticas, um dos motivos que me fez demorar a voltar aqui foi a rotina exaustiva de trabalho. Um alento. E claro, garante meu sustento e o pagamento dos boletos, pois estes não mudaram de rotina.
Já estamos no “novo normal”.
O país que praticamente não cumpriu as regras de distanciamento e isolamento social, que tem a tal curva de contaminação em constante ascensão já retoma sua rotina. Comércio reabriu, agora oficialmente. E as pessoas que antes estavam na fila da Caixa Econômica a espera do benefício de R$ 600 para não passar fome, agora saem ensandecidas para os shoppings, 25 de março e Brás. Em São Paulo, o vírus avança para o interior.
A morte está cada vez mais perto. O coração bate mais acelerado quando sabemos que alguém próximo ou conhecido está contaminado. Aconteceu comigo e provavelmente com você também, afinal esse vírus maldito não escolhe ninguém, pega todo mundo que está por aí de bobeira e está fazendo a festa no Brasil. Já são mais de 1, 1 milhão de pessoas infectadas. O número de mortos (51 mil) equivale por exemplo, às cidades de Ibitinga ou Cosmópolis, no interior de São Paulo. É como se toda a população de uma dessas cidades estivesse morrido. E já é maior que a vizinha Vargem Grande Paulista (43 mil habitantes).


Na televisão, apenas o remake de Fina Estampa com a malévola Teresa Cristina. Não tenho tido tempo nem paciência para ver mais nada apesar de mantermos a TV ligada praticamente o dia todo.
Ahh, o Queiroz apareceu. Misteriosamente estava na casa do advogado da família Bolsonaro, em Atibaia. Eu inocente achava que Atibaia fosse apenas a terra do morango. O cara, além de ótimo vendedor de automóveis deve ser mágico, pois entrou e ficou um mês na casa o Wassef sem que ninguém o visse, nem o próprio dono da casa.
Weintraub saiu e desapareceu. Agora, além de não termos Ministro da Saúde, também não temos Ministro de Educação. E eu espero que breve não tenhamos é presidente. Dizem que seus dias estão contatos por lá. Quem viver, verá.
A Policia Federal está “passando o rodo” nas fake News.


Eu penso que estou deveras afetada por esse isolamento. Ando mais cansada, física e mentalmente. Tenho saudade de encontrar meus amigos, das conversas longas, das muitas risadas, dos papos-cabeça, das conversas sobre política, dos cafés e das cervejas nos bares da vida. As conversas virtuais estão longe do que gosto e preciso.
Agora pedalo na bike ergométrica nos finais de tarde. E voltei a reler o Dom Casmurro, um dia espero reescrever essa história e acabar de uma vez por todas com essa dúvida de que Capitu traiu Bentinho, aquele filhinho de mamãe, mimado, fraco e com baixa auto-estima.
- Episódio 1 – Relatos da quarentena
- Episódio 2 – Um dia de cada vez
- Episódio 3 – Somos todos suspeitos. Somos todos vítimas
- Episódio 4 – Tensão e medo
- Episódio 5 – Não morram, por favor
- Episódio 6 – Chora a nossa Pátria mãe gentil
- Episódio 7 – Sem liderança, sem esperança…