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Conversa da Semana: não percamos a Esperança

Estou novamente gripada e por isso não vou gravar a conversa da semana.  Mas vamos lá. A semana foi de reflexões para mim. E começou na terça-feira (10) com a comemoração do dia Dia da Imprensa,  um dia em que normalmente os jornalistas se reúnem, fazem festas e que recebemos felicitações; passou praticamente despercebido. Não vi subir na minha time line das redes sociais nenhuma menção sobre a data.

Aí fiquei pensando sobre o papel da imprensa no Brasil, que foi muito bem colocado pelo jornalista e professor da USP Eugênio Bucci, no Encontro Regional de Jornalismo que participei no inicio do mês, você pode ouvir aqui.

Em tempos em que a gente lê o filho do presidente da República dizer, ou melhor, escrever, que a transformação que, Brasil quer, não acontecerá na velocidade almejada pelas vias democráticas, fiquei pensando no meu papel de jornalista, de formadora de opinião, de porta da voz da informação e muitas vezes da Justiça, da igualdade, da equidade. Fiquei pensando na responsabilidade de minhas palavras, sejam elas escritas ou faladas. Fiquei pensando em quantos colegas jornalistas e outros profissionais perderam suas vidas por defenderem a Democracia que hoje desfruto, só não sei por quanto tempo ainda.

Cheguei a conclusão de que como diria Clarice Lispector, uma de minhas escritoras preferidas, “enquanto houver direito ao grito, vou gritar”.

Essa semana também fiquei pensando na vida, não estou falando da minha vida especificamente.

Eu  estou com uma pessoa muito querida da minha família hospitalizada há 30 dias lutando pela vida após sofrer AVC,  aí fiquei pensando na vida e porque não dizer, também na morte, que um dia vai chegar para todos nós, às vezes sem pedir licença.

E por falar em morte, fiquei muito tocada com a entrevista sobre depressão e suicídio que fiz com o psiquiatra doutor Paulo Moraes, da Secretaria de Saúde de Cotia, em que um triste fato veio a tona:  o suicídio dobrou na cidade de Cotia em menos de um ano. Você pode ler aqui. Aliás, fiquei satisfeita em saber que a cidade possui um profissional tão gabaritado e experiente. E com um senso de humanidade muito grande para atender as pessoas com as mentes perturbadas e com desejos de acabarem com suas vidas.

Somos um país, uma cidade de depressivos e tristes e boa parte disso é em função do desemprego, da falta de expectativa profissional, da falta de dinheiro para honrar os compromissos financeiros, da falta de humanidade entre as pessoas, da intolerância, do radicalismo, da falta de amor ao próximo… estamos à beira de um colapso, estamos perdendo a esperança e isso é muito triste…

Mas também não pude deixar de pensar sobre alguns acontecimentos na cidade de Cotia, carinhosamente chamada por mim de Sucupira em homenagem ao grande Jorge Amado.

O assunto que marcou a semana foi mais uma vez a sentença que cassa o mandato do Prefeito Rogério Franco e do vice Almir Rodrigues. Um processo de abuso de poder político que se arrasta desde as eleições 2016. O ex-prefeito Carlão Camargo também é citado na ação além de outros agentes políticos.  Ainda cabe recurso e por enquanto tudo fica igual. Rogério continua “’prefeitando”. E usando o juridiquês, ele fica até que decisão transite em julgado e ele seja considerado culpado, se for considerado culpado.

Sinceramente eu não dei muita importância para essa informação. Já acompanhei tantos processos eleitorais em Cotia e em outros lugares que não viraram nada que estou, sinceramente descrente. Eu poderia citar como exemplo a famosa Lava Jato que fez aquele barulho todo e agora chega-se a conclusão de que era só mais uma ação política (eu como diria o Chaves, suspeitei desde o princípio). Mas vou citar o famoso “caso Procotia”, quem se lembra dele? Eu me lembro, estive inclusive na Polícia Federal cobrindo o fato e vi políticos de Cotia algemados após serem presos. Mas foram soltos em seguidas e estão todos por aí, alguns ocupando cargo público de novo.

Mas vamos crer que a Justiça vai exercer seu papel. Aguardemos. Mas pelo andar da carruagem e pelo que já conhecemos dos trâmites jurídicos, esse processo vai continuar se arrastando. Ano que vem tem eleições e ele com certeza será o principal tema da campanha eleitoral, ao menos dos que almejam ocupar a cadeira de prefeito.

Por fim, voltei a pensar na vida… em como ela passa rápido.  E me lembrei de um outro poeta que admiro e respeito, Carlos Drummond de Andrade que escreveu assim:

“Não serei o poeta de um mundo caduco

Também não cantarei o mundo futuro

Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças

Entre eles, considero a enorme realidade

O presente é tão grande, não nos afastemos

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história

Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela

Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida

Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes

A vida presente”

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