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Violência Doméstica: programa “Homem com Ciência”, conclui turma com apenas 1/4 dos participantes

Homens que se envolveram em conflitos familiares foram convidados a participar de programa da prefeitura de Cotia quer visa reduzir violência doméstica, mas de um grupo de 24, apenas 6 concluíram

 Fui informado do projeto na Delegacia, resolvi vir para conhecer e já gostei logo na primeira palestra. Fiquei meio apreensivo sobre o que seria tudo isso, mas à medida que ia passando, fui gostando e aprendendo cada vez mais. Acho que este projeto tem que ser divulgado e outros homens participarem. Vale muito a pena”.

O depoimento acima é de A.I. um dos 24 homens que, por serem agressores de mulheres participaram do projeto “Homem com Ciência”, promovido por meio de uma parceria entre as Secretarias da Mulher, Saúde e de Desenvolvimento Social, junto com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) que iniciou em setembro e encerrou na sexta-feira (22).

DE acordo com a prefeitura, os encontros foram quinzenais e estes homens puderam ouvir e serem ouvidos por uma equipe multidisciplinar voluntária, tiveram acesso a informações que poderão mudar o rumo de suas vidas e de suas condutas. Em fevereiro, nova turma será montada.

Dos 24 homens que tiveram Boletins de Ocorrência registados contra si na DDM que foram convidados a participar, apenas seis concluíram o projeto. “Isso mostra que temos um longo caminho a percorrer, o trabalho não é fácil, mas vamos seguir em frente”, disse Ângela Maluf, titular da Secretaria da Mulher.

Algumas pessoas mais radicais podem não concordar com este projeto, mas queremos ajudar para que estes homens não cometam os mesmos atos com outras mulheres. Ontem foi com a Maria, com a Joana, mas que a Ana que entrar na vida de vocês não viva a mesma história”, comentou a secretária.

Soube do projeto e aceitei participar. Levo daqui muito aprendizado, saio com a mente mais aberta e pretendo continuar o acompanhamento na nova turma, pois não achei que pudesse ouvir tanta coisa como ouvi. Acho que se tudo isso tivesse acontecido antes na minha vida, teria sido melhor, pois nunca tive pais presentes e pessoas dispostas a me ajudar. Vou levar tudo isso para a minha vida” – V.H.

De acordo com o psiquiatra Mario da Silva Albuquerque Junior, que participou do grupo, o projeto foi uma importante troca entre os atendidos e os profissionais. “Deste lado também aprendemos muito. Foi uma abordagem diferente e desafiadora para todos nós. Discuti muito o assunto com os colegas de residência médica, com o doutor Carlos Hübner, coordenador de Residência Psiquiátrica da PUC, para conduzir o atendimento da melhor forma”, comentou.

O projeto nasceu para ajudar o homem agressor a dar uma guinada em sua vida, rever comportamentos, mudar condutas e iniciar uma nova consciência. Os participantes são réus em processos e vão ter que se explicar para a Justiça. “Qualquer homem pode nos procurar, procurar a Delegacia e se inscrever para participar. Serão bem-vindos e temos o único objetivo de ajudar”, salientou Ângela.

Participaram do grupo o psiquiatra Mário da Silva Albuquerque Júnior, o psicólogo Ernane Rijo Borges, o preparador físico Edvaldo Augusto Lemos da Silva, o Sensei Dinho, a nutricionista Márcia Muginski, o assistente social Francisco Luiz Gomes de Carvalho, a advogada Daeny Barreto, além de Fabrício Leiva, do Projeto Restaurando Vidas.

“Outro dia eu presenciei uma agressão e fui conversar com o cara, falei pra ele que não é assim que resolve. Gostei muito de participar e, com certeza, se puder, trago outros pra cá” – I.L.

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