
Três pontos – Quem se define se limita?
O que você vê quando olha no espelho? Conhece aquela pessoa? Uma discussão sobre as mudanças e adaptações que são necessárias em nossa vida, com uma intensidade muito maior que podemos imaginar.
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ESPELHO, ESPELHO MEU
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1 – O que é definição pessoal?
Na verdade é muito mais importante o “porque” ao “o que” nos definimos.
Em várias situações de nossas vidas é necessário que venhamos a expressar uma definição de nossa personalidade, habilidade, visão de futuro ou até mesmo tudo de um vez.
Às vezes apenas a uma pessoa, outras para grupos, ou mesmo em escala pública.
É um processo relativamente simples para poucos e extremamente complicado para a maioria das pessoas.
Definir-se é uma expressão do autoconhecimento. E quando você não se conhece não tem a menor condição de definir.
Parece estranho mas é muito fácil notar indivíduos que não tem a real noção do que são capazes. Assim como nos seus limites.
Muito mais comum pessoas que não sabem definir as suas principais características da personalidade.
Para ficar mais claro vamos exemplificar. Um indivíduo que tenta de toda forma manipular uma relação amorosa, usando de todos os meios para que suas vontades prevaleçam, muitas vezes quando questionados, não vêem dessa forma, discordam e mesmo demonstrando que agem dessa forma, tentam negar tal atitude.
Nem sempre é proposital uma reação como esta, muitas vezes é por pura falta de conhecimento.
Se você for começar uma relação com uma pessoa assim, ela vai dizer para você que tem uma personalidade maleável.
2 – Não somos uma constante mutação?
É uma afirmação tão cheia de incertezas, podemos ou não mudar constantemente, como podemos permanecer do mesmo jeito por muito tempo. Então até a afirmação que somos constante mutação, pode mudar.
O crescimento pessoal independe de fatores nomináveis. Claro que com a idade, o conhecimento cultural, as responsabilidades da vida, o meio ambiente e diversos outros fatores podem fazem com que uma pessoa mude seus conceitos sobre a vida, ou ao mesmos um detalhe da vida.
Mas não é possível prever ou padronizar o que faz com que as pessoas mudem.
Isso prejudica a definição pessoal?
Na verdade não. Por que uma definição é momentânea, é direcionada, pontual podemos afirmar. Assim como nossa condição. Agora somos ou estamos dessa forma, mas nada é eterno.
A mudança é uma constante e faz parte do desenvolvimento. A pessoa que não muda, normalmente tem um sério problema de relacionamento social. Isso é uma lógica básica, pois se o meio em que vive muda constantemente, você permanecer imutável vai te deslocar do meio.
Algumas mudanças são extremamente necessárias e colocadas de forma impositiva. Quando você muda de trabalho, cidade, casa, a adaptação não é somente ao superlativo da mudança.
Mudando de trabalho por exemplo não é somente o local e o salário que vai mudar. Os funcionários falam de outras coisas, o café é servido de outra forma, o banheiro é diferente, tudo tem uma alteração significativa que necessita de sua mudança para adaptar ao que depara pela frente.
Apesar de mudanças surgirem de uma pessoa ou ideia inovadora, é mais comum o todo mudar um do que o um mudar o todo.
3 – Então nossa personalidade é mutável?
Não. Sua personalidade jamais mudará. Sua essência sempre será mantida e prevalecerá em detrimento a tudo que você encontrar pela frente.
As mudanças que falamos acima, que colocamos como uma constante mutação é a sua condição de resiliência, jamais a sua personalidade.
Explicamos. Vamos supor que uma bióloga extremamente tímida trabalhando de forma isolada normalmente, mas tem a necessidade de reuniões constantes com a população para conscientização de procedimentos.
Ela pode trabalhar esta timidez de forma que irá cumprir o seu trabalho com excelência,
apresentando assim uma condição de oradora eficiente.
Quem não conhece essa pessoa vai dizer que é desinibida e muito segura, mas na sua essência é uma pessoa tímida e contida.
Essa resiliência nos é solicitada dia a dia, a todo momento, em face das mais diversas situações. Não é possível bater o pé e dizer que “jamais”.
Então a resposta para a pergunta que dá origem a este artigo é que só não se define quem não se conhece. Mas é bom sempre acrescentar após a sua definição a seguinte observação: Sou assim, por enquanto.

Psicanalista, Escritor, Jornalista, Palestrante e Engenheiro.
Autor de livros de auto ajuda e Romances policiais, atuante em palestras na busca do autoconhecimento e da valorização da saúde mental
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anselmoduarte.com