Estive em uma casa de recuperação de dependentes químicos neste final de semana. Em nossa roda de conversa, falamos sobre diversos assuntos, entre eles, o amor de mãe. Não tem outra explicação, o amor de mãe é o mais puro sentimento que nós podemos sentir na esfera terrena. Ele balança estruturas, toca em nosso ponto mais fraco e é capaz de modificar qualquer ser humano

Visitei neste final de semana um lar em Itapevi que acolhe dependentes químicos. Todos homens e na faixa etária entre 20 e 40 anos. Fizemos uma roda de conversa, onde também pude compartilhar um pouco da minha experiência com as drogas. A visita foi feita com o Grupo Espírita Luz Divina, do Parque Agreste (Vargem Grande Paulista).

Durante a conversa, li poemas, fiz canções, falamos de dor, recuperação, saúde, espiritualidade, enfim, um bate papo bastante produtivo para todo mundo. Conforme eu falava, todos me olhavam com muita atenção. Quando chegou a vez de cada um falar, pude perceber que nossas histórias são quase idênticas, apenas mudam alguns detalhes.

Partilhamos da mesma doença, das mesmas crises, das mesmas dores e das mesmas dificuldades. Dar o primeiro passo é fundamental, e estar ali, longe da família, era uma prova e também uma vontade de sair da vida do vício.

Um dos pontos em comum bastante ressaltado foi o amor de mãe. Era só alguém dizer a palavra ‘mãe’ que os olhos começavam a lacrimejar. Umas histórias bonitas, de reencontro, perdão e afeto. A mãe ama o seu filho independentemente do estado em que ele se encontra.

É claro que magoamos a nossa genitora quando estamos na vida das drogas, afinal, nenhuma mãe quer ver seu filho na lama. Ela tenta ajudar de inúmeras formas, mas as tentativas, muitas vezes, são fracassadas. Lidar com um dependente químico não é tarefa simples. Requer preparo, paciência e fé, muita fé.

E fé é uma palavra que caminha lado a lado com as mães de dependentes químicos. Elas têm e muita! Quando saímos da bolha do vício conseguimos sentir esse amor e essa fé. Nosso coração é tocado e a gente se emociona. É inevitável.

O amor de mãe transforma. Ele balança estruturas, chega ao céu e toca em nosso ponto mais fraco. Pode ser o cara mais criminoso, mais sanguinário, mais valente. Não importa. O amor de mãe é capaz de mudar qualquer ser humano.