
Jackie
Diz a sabedoria popular que conforme vamos envelhecendo nos tornamos crianças de novo, precisamos de ajuda para andar, nos vestir, nos alimentar e até para fazer xixi.
Pois eu digo que algo semelhante, guardando as devidas proporções, claro, acontece com as mulheres que ficam casadas durante muito tempo e depois se separam. Voltam a ser adolescentes, daquelas que ficam de bochechas rosadas diante do primeiro amor, que chamam as amigas mais próximas para ajudar na conquista, que mandam recadinho para o garoto e se receberem uma flor se derretem todas.
Ah! você com certeza está se perguntando em que século estou. Eu também me fiz essa mesma pergunta quando me deparei com a Jackie, uma mulher moderna, madura, linda, independente, separada e… apaixonada.
Todos os dias ela trocava mensagens com o Beto, um amigo virtual do Facebook, a rede social sensação principalmente entre a turma que nasceu a partir de 1960 – sim porque os adolescentes preferem o Snapchat (aquele das caras e bocas, bem divertido que caiu no gosto até do padre Fábio de Melo), “Facebook é coisa de velho”, dizem.
O Beto é o tipo de homem que eu diria ser o sonho de consumo de todas as mulheres, inclusive meu. Rapaz garboso (vixe, esse sim é um termo usado pela turma de 60, mas eu nasci em 71), um tipão. Despojado, educado, charmoso, inteligente, culto, casado, descasado, casado de novo, descasado e por aí vai, um Don Juan tupiniquim, amante das artes, de café e de algo mais.
Um encontro casual na esquina e pah! (pah = jeito da turma do final dos anos 90 dizer que algo impactante aconteceu). Coração acelerado, bochecha rosada, mãos geladas, pernas bambas e “o que eu faço agora”?
Papo vai, papo vem, coração acelerando mais, uma carona e… ah neste caso, a carona foi, digamos invertida, pois coube à Jackie levar o moço garboso para casa. E ele por acaso, muito por acaso mesmo (rhum) esqueceu um objeto em seu carro, o que a obrigou depois de já estar longe, a voltar. O clima esquentou e primeiro beijo foi inevitável. Mas parou por aí porque nossa adolescente correu desesperada, fugiu sem saber o que fazer. A única certeza era que queria aquele homem para ela. Mas como faria isso?
Num rompante de coragem, um misto de paixão avassaladora, curiosidade, desejo, loucura, tesão e vontade, nossa adolescente agora incorporou a mulher em busca de seus objetivos.
Deu liga. Mas Jackie já não seria mais a mesma menina. Coração tranquilo e cheio de esperança, mas com os pés no chão. Os sonhos agora deram lugar à sensatez. Amor é terreno desconhecido e antes de plantar qualquer coisa é preciso muito adubo e paciência, persistência, doação e tantos outros ingredientes. Amor é coisa de gente grande…Jackie não tem pressa de ser grande…