
O presidente é culpado? Mas cadê os deputados e senadores?
Estamos nos acostumando a chamar o presidente Bolsonaro de “genocida” pelas agora mais de 3.000 mortes diárias causadas pelo COVID e pela crise generalizada na Saúde.
Como mandatário maior, sem dúvida Bolsonaro deveria tomar a frente do combate à pandemia desde o início. Ao contrário, se mostrou um negacionista ferrenho. A tal de “gripezinha” pegou até ele, que se diz atleta (apesar da barriguinha pronunciada), parte de seu ministério e já causou quase 300.000 mortes de brasileiros de todas as idades e classes sociais.
Não tomou a frente de nada e isso redundou na tomada de ações por governadores, secundados por prefeitos, que foram expedindo (felizmente) medidas preventivas de combate ao vírus. Não fossem os governadores e prefeitos, a pandemia no Brasil estaria imensamente pior.
Bem que o presidente tentou barrar as ações dos governadores e prefeitos, obtendo exatamente o que ele queria: uma decisão do STF, declarando a legalidade dos decretos de governadores impondo as restrições de mobilidade e horários para atividades e recolhimento obrigatório.
Agora, ele poderá afirmar que “tentei, mas o STF não me deixa e passou toda a responsabilidade para os governadores; estou de mãos atadas”, como tantas vezes o fez. Aliás, é público e notório que o presidente SÓ repassa responsabilidades aos outros, não assumindo a responsabilidade por nada. Ele é muito bom em culpar os outros e se isentar.
E os bolsonaristas, com certeza, ecoarão essa decisão do STF nas redes sociais, pedindo a “intervenção militar” e “Forças Armadas já”, gritando para fechar o STF e prender seus ministros… tudo bem esquematizado para tirar a responsabilidade do Bolsonaro.
Mas aí é de se perguntar: a culpa é só do Jair Bolsonaro?
Raciocinemos. Existem mecanismos constitucionais fortes e legislação infraconstitucional, que definem bem o que é crime de responsabilidade do presidente, que poderiam ter sido utilizados e não o foram, dando seguimento ao circo de horrores que vemos diariamente na televisão e redes sociais.
Só que esses mecanismos não se acionam sozinhos. Têm que ser movimentados pela Procuradoria Geral da União (cujo chefe foi escolhido por Bolsonaro) e, mais importante – e aqui estão os verdadeiros culpados – pelos deputados federais e senadores, que só se movimentam pela pressão popular, mas o povo não sai às ruas por causa da pandemia, o que favorece o presidente.
Existem hoje mais de 70 pedidos de impeachment contra Bolsonaro nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Os motivos são diversos, mostrando as diversas facetas do presidente: vão de crimes de responsabilidade contra a Constituição Federal a crimes de racismo, passando por atentado contra a vida por descaso na pandemia, crimes contra os biomas do Pantanal e da Amazonia, genocídio da população indígena, apologia à tortura, ataques à democracia, à soberania nacional, aos direitos humanos …
O processo de impeachment só se inicia quando o presidente da Câmara dos Deputados o impulsiona. E o presidente, Arhur Lira, foi eleito com apoio do presidente – logo, não tem nenhum interesse em aceitar qualquer pedido de impeachment. Segundo especialistas, o impeachment era difícil e agora ficou quase impossível com um apoiador do governo dirigindo a Câmara.
Tanto Bolsonaro tem influência sobre os deputados, que eles aprovaram a “reforma” da Previdência, que dificultou a vida da população, reduziu os recursos pagos a aposentados e pensionistas; deu autonomia ao Banco Central, a pedido de Bolsonaro e seu apaniguado Guedes e, diante da prisão do deputado Daniel Silveira, tiveram a coragem de apresentar a PEC da Impunidade, pela qual fica praticamente impossível se unir um membro do Legislativo Federal.
Nas redes sociais, fala-se muito em impunidade, corrupção, Forças Armadas, volta à ditadura e prisão dos ministros do STF.

Mas não há nenhuma pressão contra os deputados e senadores, a quem cabe a responsabilidade de iniciar pelo menos a CPI da Pandemia, que aguarda engavetada a boa vontade de Arthur Lira. Não há carreatas nem passeatas contra os gostosões de Brasilia, que recebem contracheques gordíssimos e mordomias fabulosas.
Daí a pergunta: é só Bolsonaro o responsável pelas 300 mil mortes? Não. Os deputados e senadores também são responsáveis, porque não tomam qualquer iniciativa para punir o presidente pela sua inação, negligência, irresponsabilidade e negacionismo.
Igualam-se ao presidente na mesma inação, negligência, irresponsabilidade e descaso com a vida dos brasileiros, que agora estão sofrendo por falta de anestésicos para intubação e se sujeita a uma loteria para pegar um leito de UTI. (Ainda tem imbecis afirmando no Facebook que se morrem 2.000 por dia, tem que desocupar 2.000 leitos por dia, sem saber o que estão falando).
O motivo dos deputados está claro: DINHEIRO, DINHEIRO, DINHEIRO E PODER, PODER, PODER.
Dê-se dinheiro aos deputados do centrão, na forma de emendas para poderem se reeleger em seus currais eleitorais; dê-se um ou dois ministérios e todos ficam quietinhos, sem tugir nem mugir.
Infelizmente, isso se repete nos governos estaduais e nas prefeituras, onde os deputados e vereadores também são cooptados mediante cargos para si ou seus protegidos e cabos eleitorais.
Conclusão: o sistema todo está corrompido, desde o presidente até os vereadores. Vamos ter que arranjar um lugar confortável para assistir a esse genocídio que está ocorrendo diante de nossos olhos, enquanto nossos representantes se esbaldam com o dinheiro público.

Agora, responda: você se lembra em quem votou para deputado federal, estadual e vereador? Viu algum deles ir às redes sociais e se solidarizar com as famílias da vítimas dessa hecatombe ?Viu alguma ação concreta acontecer, por iniciativa dos dignos representantes do povo ?
Pois é. Independentemente da cor partidária, temos que começar a analisar, desde já, em quem votaremos em 2022 – para presidente, senadores, deputados, governadores e em 2024 – para prefeito e vereadores.
Morreram 300.000 brasileiros. A bomba atômica que explodiu em Hiroshima matou 140.000 habitantes e a de Nagasaki matou 74.000 pessoas. Já estamos matando mais brasileiros do que todos os mortos pelas bombas atômicas.
“Que orgulho de ser brasileiro” !!!!!!!!!!!!!