
A depredação do patrimônio e a bolinha de papel
Nossa querida cidade de Cotia, ou Sucupira, como diria minha amiga e blogueira Sônia Marques, amanheceu em polvorosa. Na madrugada, duas mulheres com envolvimento na política da cidade, distribuíam “lambe-lambe” nos posts com a imagem fundida do presidente Temer e do prefeito Rogério Franco, com os dizeres: “Fora governos ilegítimos”.
A ação estava sendo realizada nas proximidades do centro e ao chegaram na Prefeitura, resolveram deixar ali um recado ao prefeito. Uma das envolvidas relatou isto em seu programa diário na rádio, transmitido ao vivo via Facebook. “Tentamos colocar debaixo da porta para que alguém visse e entregasse ao prefeito, como não foi possível resolvemos colar na parede de vidro. Quando fomos abordadas pela Guarda Municipal e levadas à Delegacia”
O primeiro contato que tive com o fato se deu com um vídeo publicado pelo prefeito Rogério Franco em seu Facebook, onde o mesmo, indo ao Aeroporto para uma viagem a Brasília, se auto filmou denunciando um fato ocorrido na madrugada onde “pessoas foram detidas, deteriorando o patrimônio público, fazendo atos de vandalismo, com ações que eu não concordo”, nas palavras do próprio prefeito.
O post gerou uma série de comentários e participações, além de compartilhamentos apaixonados e efusivos. Os ânimos se acirraram. Alguns cobravam ações enérgicas do prefeito contra as “vândalas”, outros questionavam o uso do celular enquanto dirigia, além de lembrar alguns problemas sérios enfrentados pelos cotianos.
Quando vi o vídeo do prefeito, não sabia do que ele estava falando, mas imaginei que a Prefeitura tivesse sido toda pixada (como foi pixada a praça da Matriz, recém pintada no último fim de semana), ou que tivessem entrado na prefeitura e devastado tudo, ou ainda, que tacaram fogo na mesma, tal era a gravidade do fato que o prefeito denunciava.
Não concordo com a ação feita pelas manifestantes, apesar de ser defensor da liberdade de expressão e da livre manifestação. A ação vai contra a “Lei da Cidade Limpa” que vigora na cidade. Não concordo mais ainda por chamarem o governo de Rogério Franco de ilegítimo. Como ilegítimo se o mesmo teve maioria nas urnas no pleito de 2016? O fato de haver um processo na Justiça Eleitoral que pode levar à cassação do mandato do prefeito e do vice, não o tornam ilegítimo e enquanto não houver decisão a respeito da matéria, o governo é legitimo sim.
Mas também não concordo com os ânimos alterados do prefeito e de seu grupo. Exagerando fatos e “criminalizando” uma ação que não teve danos para a cidade. O patrimônio não foi prejudicado. Não houve prejuízo ao erário municipal nem aos munícipes.
Tal fato me remete ao “acidente” da bolinha de papel que atingiu o então candidato José Serra em 2010 em campanha no Rio de Janeiro, quando este com seus correligionários se encontra com um grupo de petistas, que tentaram impedir que o grupo tucano mantivesse sua caminhada. É quando então alguém lança contra o candidato uma bolinha de papel, que acerta a careca do Careca (ver lista de alcunhas da Odebrecht). O postulante tucano teve que ir às pressas a um Hospital carioca para fazer uma bateria de exames, onde foi constatado que não houve nada de grave. A mídia deu grande ênfase ao episódio a época e até um perito foi contratado para analisar o artefato lançado contra o hoje senador.
Ao que me parece, temos hoje um caso da “bolinha de papel” a la Sucupira. E como diria o prefeito Odorico Paraguaçu, daquela Sucupira fictícia: “vamos botar de lado os entretantos e partir logo para os finalmentes”. Os sucupirenses, ops, os cotianos, precisam de ação, não de polêmicas.
Por Rubens da Fonseca (pseudônimo, morador de Sucupira, confabulador politico-sigilista)