Taxa de letalidade é maior entre homens.

Cardiopatia e diabetes estão entre os maiores complicadores da doença.

Isolamento fica em torno de 50% e taxa de recuperados é de 89%

Butantan diz que pandemia deve continuar em ritmo de expansão no Brasil até início de 2021

O Guarda Civil Joaquim Tofaneli Neto, 47 anos, foi a mais recente vítima da covid-19 em Cotia. Ele foi internado junto com sua esposa Renata, também Guarda Civil na vizinha Vargem Grande Paulista, no último dia 7. Ela morreu no dia 10. Ele, que não pode se despedir da esposa, morreu na manhã desta terça-feira (14). Deixaram dois filhos adolescentes.

Além dessas duas famílias que choram a perda  de seus entes queridos, sem se quer poder dar a eles uma despedida digna –  porque por conta da pandemia e do risco de contaminação, não é permitido velório –  centenas de outras famílias perderam pais, filhos, esposas, esposos, avós, tios e amigos, pelo mesmo motivo, de acordo com dados oficiais.

Nesta quarta-feira (15), o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde de Cotia informava 120 óbitos por covid e outros 20 aguardando confirmação. Ainda segundo o boletim, 91 p pessoas estavam internadas na cidade que está, na chamada zona amarela com bares, restaurantes, salões de cabeleireiros, academias e escritórios abertos, com horários restritos de acordo com decretos municipais (8727/2020 – https://url.gratis/qQT4g) e Decreto 8729/2020 – https://url.gratis/o9b7q).

A cidade de Cotia possui 2191 pessoas confirmadas com a doença. Os números sobem todos os dias para se ter uma ideia na terça, eram 2191 pessoas confirmadas e 115 óbitos.  O primeiro caso da doença na cidade foi registrado em 17 de março. Um mês depois (17 de abril) os doentes eram 78 pessoas e 8 pessoas haviam morrido. Em 18 de maio 486 pessoas haviam testado positivo para covid-19 e 43 pessoas perderam a vida. Em 17 de junho, de acordo com os boletins da Secretaria de Saúde, os óbitos eram 79 e 1131 pessoas infectadas.

A boa notícia é que a taxa de pacientes recuperados é de 89% segundo a Prefeitura, 1910 pessoas desde o início da pandemia até esta quarta-feira (15). E de acordo com informações da fundação Seade para análise de dados, a cidade de Cotia tem a menor taxa de letalidade da região, 5,8 (veja tabela). Ela [a taxa de letalidade] relaciona o número de óbitos por covid e o número de pessoas que foram acometidas pela doença.

Taxa de letalidade maior entre homens

Em Cotia, de acordo com levantamento da fundação Seade, as mulheres na faixa etária entre 30 e 49 anos de idade estão entre a maioria das pessoas que testaram positivo (51%). Mas a taxa óbitos é maior entre os homens (57%) com idades entre 50 e 69 anos.

As doenças pré-existentes que mais influenciaram tanto para o contágio como as mortes em Cotia foram cardiopatia e diabetes, seguidas por doenças neurológicas, obesidade, doenças renais e pneumopatia. Sendo que foram muito mais relevantes para levarem as pessoas a morte, conforme mostram os gráficos.

São Paulo tem explosão de um Boeing 747 por dia

Apesar da alta taxa de pacientes recuperados e baixa taxa de letalidade, a Secretaria de Saúde de Cotia alerta que o momento ainda exige muitos cuidados de todos: tanto do poder público com as ações de prevenção, orientação, fiscalização, entre outros, como da população. Uso de máscara, evitar aglomeração, higienização das mãos e sair de casa apenas se necessário, continuam sendo as recomendações.

De acordo com o Instituto Butantan a pandemia do novo coronavírus deverá continuar em ritmo de expansão no estado até pelo menos o início de 2021.

De acordo com o diretor-geral do Butantan, Dimas Covas, mantido o isolamento atual no estado, que está entre 45% a 50%, a taxa de contágio (Rt) deverá se estabilizar de fato, ou atingir o valor “um”, entre setembro e novembro de 2020, o que fará com que a curva de casos confirmados e óbitos iniciem uma “descida” apenas em 2021. A taxa de contágio “um” significa que 100 pessoas infectadas estão transmitindo a doença para outras 100 pessoas.

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“Nós vamos manter essa epidemia por um bom tempo ainda. [Vamos manter também] provavelmente a taxa de mortalidade, embora possa até estar estabilizada em um patamar elevado. Nós estamos tendo em torno de 300, um pouco mais de 300 óbitos por dia no estado de São Paulo, o que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão de um Boeing 747 por dia e pode ser que isso ainda se prolongue até o ano que vem”, disse.

Durante um debate virtual promovido pela Agência Fapesp e o Canal Butantan  nesta terça-feira (14), Covas disse que, neste momento, as projeções mostram que, possivelmente, no começo do ano que vem, ainda haverá transmissão ativa com a taxa de contágio acima de um na população de São Paulo.

O estado também contabilizou na terça-feira (14) 12 mil novos casos de covid-19, número próximo do recorde diário, ocorrido no dia 2 de julho, que teve 12.244 novos casos. Assim, o estado chegou à soma de 386.607 pessoas infectadas pela doença desde o início da pandemia. Dos 645 municípios do estado, 636 registram ao menos um caso confirmado da doença.

(Com informações da Agência Brasil)