
Três pontos – CENSURA
Três pontos de hoje fala do caso da condenação do humorista Danilo Gentili, da forma que a coluna costuma ver as coisas.
1 – A ofensa
Primeiro gostaria de deixar claro que não sou fã do humorista, a última vez que vi um quadro dele na TV foi no CQC tem alguns anos. Não acompanho e não gosto do tipo do humor que ele e muitos outros praticam. Mas sei que é muito seguido e tem muitos fãs.
Vi o vídeo e apesar de achar de mal gosto, não consigo ver ali algo para dar tanto o que falar, na pior das hipóteses, uma piada sem graça. Ele recebe um comunicado oficial em que já sabe do que se trata, rasga, mostra a palavra puta, e faz o que ele chama de piada.
Mas ele está falando de uma pessoa pública, uma pessoa que se expõe na mídia defendendo suas ideias, populares ou não, oriunda de um partido de esquerda, defendendo um grupo de pessoas que a apoiam e confiam em seu trabalho e sua desenvoltura na articulação dos processos políticos.
Uma pessoa que está nesta posição como a deputada Maria do Rosário, achar que ninguém vai mandar ela pra puta que pariu é de “descolocar o rego da bunda”, como diz nosso querido Chico da Tiana. Aqui nesta humilde coluna quando falamos algo que não agrada ouvimos coisa pior…
Não quer ter seu nome exposto, não se exponha. É evidente que todo e qualquer figura pública vive da exposição. Ruim ou bom, isso é decorrência do sistema que não se pode ter o menor controle. Não sabe e não pode controlar o que as pessoas vão achar ou falar. Falta total de preparo esta reação da deputada.
Entendo como absurdo classificar como ofensa a comparação à puta, visto que qualquer profissão nos dias de hoje neste país, é muito mais digna que políticos.
Então as ofendidas são as putas, e elas estão quietas.
2 – Força pública
O mais grave é que a deputada “ofendida” não entrou na justiça comum, por ofensa a sua pessoa. Afinal qualquer pessoa que se sente ofendida com um insulto por parte de alguém, pode acionar a justiça e processar.
Apesar que, uma pessoa que tem o meio publico, acesso a imprensa, púlpito federal com imprensa o tempo todo, poderia muito bem resolver isso de forma categórica.
E deixando o meu pitaco, se não quer ter seu nome falado por humoristas, pessoas na ruas, nos bares, não se disponha a vida pública. Todos sabem que estão expostos a flores e pedras.
Mas para espanto desse humilde colunista ela usou a máquina publica, na figura de parlamentar para processar um humorista.
Típico das ditaduras que tivemos, de Getúlio Vargas e Militar, que utilizaram a máquina para fazer valer sua vontade. Exatamente o contrário de todo o discurso de esquerda que repudia a censura. (lembrou da ditadura de Getúlio? 15 anos, fechou congresso, pintou, bordou e ninguém fala).
Só dá para classificar isso como um ato de abuso de poder, manipulação da máquina, falta de preparo para a vida pública e para terminar com um termo muito técnico e atualmente usado aos montes por grande parte da população…. um mimimi do caralh……
3 – Repercussão.
Mesmo sendo uma prisão domiciliar a condenação é um ato de abuso. O problema é que o judiciário está desgastado, mas gosta de dar mostras de suas defecadas num momento muito delicado. Estamos com Ministro Moares (Lex Lutor) buscando aqueles que falam do STJ, agora condenam um humorista que falou da deputada, jogando fora o direito do cidadão de abrir a boca e protestar. Direito constitucional diga-se de passagem.
Nas redes sociais estão parafraseando o condenado de Coritiba fazendo a #DaniloLivre. Uma boa piada, mas tomem cuidado senão a ministra também condena.
Até o presidente perdeu a oportunidade de ficar calado pois saiu em apoio ao humorista dizendo que entende o trabalho dele, que já foi alvo de várias gozações por parte de humoristas, mas os internautas retrucaram, dizendo que no caso dos 80 tiros do rio o presidente não se manifestou. Ficasse calado era melhor.
O resumo é o seguinte. Com a situação do país que estamos, indo para 14 milhões de desempregados, 62 milhões de pessoas com o nome sujo, grandes empresas dando férias coletivas, sem uma perspectiva de melhora a curto prazo, meios de comunicação são tão confiáveis como bum bum de bebe, natureza castigando de todo lado, não podemos nem xingar políticos? Parei.

Psicanalista, Escritor, Jornalista, Palestrante e Engenheiro.
Autor de livros de auto ajuda e Romances policiais, atuante em palestras na busca do autoconhecimento e da valorização da saúde mental
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