
Qual o novo caminho para Cotia?
O ano novo chegou.
E para não dizer que não falei das flores, convidei meu amigo e parceiro dos teretetês, Rubens da Fonseca, que vocês já conhecem, para prosa sobre seu assunto preferido. E dessa vez não estou falando de Sucupira, aquela cidade fictícia, onde vive um povo alienado, um bando de fofoqueiras, tem justiceiro e políticos corruptos. Estamos falando de Cotia mesmo, da vida real. Qualquer semelhança com a ficção é mera coincidência.
Parece que foi ontem, até porque quase tudo está do mesmo jeito. O prefeito Rogério Franco completou seu primeiro ano de governo.
Meu amigo Rubens me lembrou que Rogério e Almir assumiram o governo com um processo de cassação tramitando na Justiça Eleitoral. “Dizer que boa parte deste tempo foi utilizado por ambos para defender-se é chover no molhado”, comentou Rubens da Fonseca. “Há quem considera que o governo de fato começou apenas no final de setembro, quando o TRE decidiu pela nulidade do processo que pedia a cassação de ambos”. O clima na cidade parecia de eleições mesmo, foi naquele dia que eles se convenceram de que haviam ganhado as eleições. Mas muita água passou por baixo desta ponte desde a posse em janeiro.
Foi meu amigo Rubens também que me lembrou que o primeiro ato do governo, concomitante a posse, foi a nomeação dos secretários. Nomes que foram guardados a sete chaves e que só se tornaram públicos no dia da posse. Revendo minhas memórias, meu amigo Rubens, a “radio peão” agitou o facebook e furou o prefeito divulgando antecipadamente alguns nomes. E acertou boa parte deles. E não foi adivinhação como alguns disseram, mas boas fontes de informação.
A equipe de Franco gerou vários questionamentos, sobretudo, porque o mesmo dizia que o secretariado seria formado por técnicos e especialistas e o que se viu foi uma colcha de retalhos com ajeitamento de vários políticos que apoiaram o então candidato e também com uma forte herança do governo anterior. O que ainda prevalece
Outro detalhe sobre a equipe de Carlão, ops, de Rogério, foi o fato de a única mulher a compor o primeiro escalão do governo ter sido sua esposa Mara Franco, na Assistência Social. O assunto foi um dos temas de entrevista publicada neste blog. Na ocasião o prefeito minimizou e disse que as mulheres teriam chance no governo, mas que precisariam se impor mais (veja aqui). Mas desde então as mulheres continuam sem ocupar cargos de comando, com exceção de sua esposa, que continua lá, firme e forte.
Entre uma taça e outra de vinho que sempre ajuda a compor as ideias, lembramos, Rubens e eu, que o primeiro grande momento de tensão do Novo Caminho foi logo no início, quando professores, diretores e auxiliares de classe queriam, além da equiparação do salário de acordo com a inflação, pagamento de benefícios atrasados deste o governo anterior. Paralelo a isto, surgiram denúncias de escolas abandonadas e sucateadas com link ao vivo pela Rede Globo, no programa SPTV. O impasse causou a saida do então secretário de educação, Luís Gustavo Napolitano, que não havia conseguido manter sua cadeira na câmara municipal. Ao final da negociação, a Prefeitura se comprometeu a pagar os benefícios atrasados aos professores e a pasta foi assumida pela mesma secretaria do governo anterior, sendo depois entregue ao André Vasquez, que no governo anterior passou por várias funções.
Neste ponto, amigo Rubens da Fonseca, não se pode negar que o secretário não seja da área, foi diretor de escola em tempos passados. E conseguiu acalmar os ânimos dos professores. Ma eles voltaram às ruas da cidade quando no final de outubro Rogério Franco enviou para Câmara proposta de alteração à lei Orgânica que tiraria direitos de funcionários públicos.
E esta foi também sua primeira derrota. Os vereadores, em tese todos de situação (ou seriam de oposição? Já não sei mais nada), votaram contra, 8×4 foi o placar. A reação do governo foi imediata. Aí me lembrei da frase de um antigo político de Cotia, “ou tá cumigo ou tá sem migo”. Demissão de funcionários comissionados indicados pelos traidores (do governo).
Ah, Luis Gustavo Napolitano, que como dito acima, deixou o governo em meio a crise da Educação, voltou tempos depois em outra pasta, Trabalho. E pronto, nada a declarar sobre isso.
Outro que deixou o governo, com fama de “secretario figurativo”, foi o tucano Fernando Jão. Ele voltou para Câmara, mas ainda não mostrou para que voltou. Com isso, as mulheres, que fizeram coro com esse blog pela não participação no governo do Novo Caminho, ganharam um prêmio de consolação, Ângela Maluf que esquentou a cadeira de Jão, foi para o executivo, mas de Secretaria Adjunta de Saúde.
Não podemos esquecer de outro tema que deu o que falar: a promessa não cumprida às atletas da Ginástica Estética. Comoção geral. Crianças e adolescentes em lágrimas vendo seus sonhos destruídos por que o prefeito Rogério Franco havia se comprometido em custear a viagem das atletas e comissão técnica, mas mudou de ideia justificando com o terremoto do México, léguas de distância do local da competição (leia aqui). Com a mobilização da comunidade que se cotizou, o prefeito acabou também tirando dinheiro de seu próprio bolso e as meninas viajaram. E voltaram com medalhas para Cotia.
Arrisco dizer, meu amigo Rubens, que a grande marca do governo do Novo Caminho, ficou mesmo pelos caminhos. Foram muitas operações tapa buracos, só deu Rodrigo Dantas, secretário de obras, nas redes e nas ruas.
Entre um buraco e outro, entre uma operação tapa buraco e outra, destaque para a Saúde. Se em outros tempos o padrinho político de Rogério, Carlão Camargo, não conseguiu acertar a mão no Secretário e consequentemente vimos uma saúde na UTI, Rogério Franco aparentemente acertou. Mas não foi de primeira, não. A nomeação de Ademir Rodrigues, irmão do vice-prefeito Almir Rodrigues, que durante toda gestão de Carlão foi secretário de Indústria e Comercio e está longe de ser um especialista, ao menos em saúde, causou muita estranheza. Mas isso mudou rapidamente com a nomeação do médico Magno Sauter. Embora muito ainda há que se fazer, as mudanças são notórias, como por exemplo, a informatização e modernização do sistema. E praticamente não se vê reclamações sobre problemas de atendimento e falta de médicos. Vale dizer que os kits de diabetes (agulhas e medidores de glicose) há tempos não são encontrados nos postos de saúde.
A secretaria de Cultura, que também é dos Esportes, ganhou vida finalmente. Ainda é muito pouco mas há tempos não se tinha noticias de tantas atividades culturais acontecendo na cidade. E o responsável por isso é meu amigo Gilmar de Almeida, meu ex colega de cotiatododia. E aqui devo fazer a ressalva que, com isso, quem perdeu foi o cotiatododia, em conteúdo, em dinâmica de atualização, no todo. Tudo na vida é uma questão de escolhas.
E por falar em escolhas, Rogério Franco escolheu ser prefeito de Cotia. E foi escolhido pela maioria dos eleitores. Eu não o escolhi, mas vivemos em uma Democracia da qual sou fiel defensora, vale a soberania das urnas. E como cidadã cotiana – não, eu não tenho um título daqueles que os vereadores distribuem em pencas na Câmara, mas adotei esta cidade com minha, quero ver Cotia no melhor caminho, no caminho do progresso, da Justiça, da Igualdade Social, da gestão moderna, participativa e transparente. E isso não depende apenas do Governo, mas de todos nós.
Vamos em frente. E se necessário, abrir o caminho no grito.
Feliz Ano Novo!
(Foto: divulgação da Prefeitura de Cotia)
Gostei do texto… depois de um ano, nós da educação estamos aguardando…
Como você disse: “Vamos em frente. E se necessário, abrir o caminho no grito.”
Espero que não seja necessário!! Espero MESMO!! Assim como você, defendo a construção da Democracia!! Que Rogério Franco respeite esse povo tão negligenciado que garantiu seu lugar nessa prefeitura, e cumpra seu papel. Não sou do contra. Sou pela justiça!! Portanto, se necessário, teremos que voltar às ruas, lugar nosso!
Grata pela contribuição na divulgação de fatos, e nunca neutra, Sonia Marques!!!
Esperamos que em 2018, o ano santo do cão chinês chupando manga, que o então agora prefeito desprocessado melhore sua performance. Aliás, assisti a virada do ano online nas redes sociais e vi a boniteza novinha em folha da decoração natalina e da celebração de última geração na cidade de Embu das Artes. Enquanto nóis assunta o mundo pela tecnologia exponencial digital do prefeito vizinho, nossos governantes prosaicos analógicos pensam que podem nos enganar com seus esfarrapados soldadinhos de chumbo de natais passados…