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“Mai será o Binidito?”

Dizem que expressão, originalmente “Mas será o Benedito?” surgiu na década de 30, em Minas Gerais, quando o presidente Getúlio Vargas, após meses de duvida sobre quem seria o governador do Estado, poderia ser Benedito Magalhães o que gerou grande inquietação entre os mineiros e todos se perguntavam “Mas será o Benedito?” Mas isso nunca foi confirmado.  O fato é que a expressão pegou e é repetida sempre diante de situações inesperadas ou indesejáveis.

Mas o “Benedito” em questão, o boteco, bar, café, restaurante do meu amigo Alexandre Gennari  e da simpática Dani, não tem nada de indesejável ou inesperado. E nem sei direito porque ele deu esse nome ao charmoso bar no centro de São Luiz do Paraitinga, na região do Vale do Paraíba (SP). Mas um dos motivos é o fato de São Benedito ser o patrono dos cozinheiros e tem feito verdadeiros milagres no boteco, isso eu garanto.

É impossível falar do “Mai Será o Binidito” sem falar da cidade histórica de São Luiz do Paraitinga. Penso que um está para o outro assim como meu amigo Gennari, que morou em Cotia, em São Paulo e outros lugares por ai, mas, já é praticamente cidadão Luizense.

Foi realmente uma experiência gastronômica e cultural muito interessante que dividi com minha amiga Claudia após cerca de duas horas e meia de estrada (Raposo- Rodoanel – Marginal – Dutra).

O Binidito está exatamente numa esquina, junto ao Mercado Municipal e ao Rio Paraitinga – aquele que em 2010 subiu cerca de 15 metros e destruiu boa parte da cidade e com ela um dos principais símbolos Luizense: a histórica igreja Matriz, causando grande comoção. Mas vou falar dela em outro texto. É bem ali, na esquina do Binidito que o vento faz a curva, posso garantir kkkk mas não se assustem porque realmente escolhemos um dia frio para visitar a cidade.

Chegamos em dia de festa dupla: aniversário de dois anos do Binidito e encerramento da Semana Elpidio dos Santos,  famoso maestro e músico luizense, parceiro de Amácio Mazzaropi. Teve festa na praça e claro, no Binidito que já é conhecido como um dos pontos culturais da cidade. Com certeza você cantarolou algumas músicas dele gravadas pelo caipira mais famoso do Brasil e nem sabe disso, quer um exemplo?


E nessa mistura de música, cultura e amizade que se arrasta ao longo dos anos, iniciamos nossa aventura gastronômica com algumas exclusividades do Binidito. Destaque para o nhoque  com molho de abóbora. Uma iguaria pra comer rezando! A receita original é da chef Flavia Greco (que já foi citada nesta coluna), e que recebeu adaptação bem ao estilo luizense. O queijo do recheio foi substituído pelo requeijão de prato (consistente e ao mesmo tempo muito cremoso) além de outros detalhes que só mesmo os chefs poderão dizer. Eu sei que apreciei muito.

Uma pausa para citar o bate papo rápido com o Benito Campos, poeta, escritor, escultor que gosta de mostrar e compartilhar sua arte pelas ruas de Paraitinga  e que tivemos a felicidade de ouvi-lo declamar poemas de sua autoria de outros compositores. Fala de livros, contos e poesias com o brilho nos olhos como se fosse um garoto ao ganhar um brinquedo novo ou um adolescente a enamorar-se pela primeira vez.

Nhoque com molho de abóbora hummm
Benito Campos, o poeta

Voltamos então para a mesa… O pastel com massa de farinha de milho hummm é outra receita exclusiva do Binidito. Escolhemos o de carne, mas pode ser de requeijão no prato, camarão, carne seca… Cerveja para acompanhar porque o dia pedia e a companhia também, estávamos de folga afinal, e os passeios seriam todos à pé mesmo.

Pra fechar (o primeiro turno) café. E neste caso vale dizer que São Benedito, o padroeiro dos cozinheiros e do Binidito adora café (eu também). Repare que a imagem do santo sempre está ao lado de uma xícara de café. Diz a lenda que sempre que se passa um café fresquinho, o primeiro gole deve ser oferecido ao santo e assim teremos proteção. Valei-me São Benedito!

Pastel caipira com massa de farinha de milho
Bolinho de Afogado

Mais uma volta pela cidade, um cochilo e voltamos pra mesa. Outra receita exclusiva do Binidito. A iguaria mais famosa da cidade, o Afogado, ganhou a versão em bolinho. Impossível resistir. Massa de arroz e recheio com a carne do afogado. Sequinho, perfeito!

A noite encerra com Festa no Binidito, casa cheia pra marcar os dois anos de sucesso, com seresta e música de Elpidio dos Santos e outras canções caipiras e MPB das boas. Encerramos nossa aventura gastronômica. Tudo que nos restava era dormir. Uma caminhada até a pousada apreciando a noite e a lua, mas já pensando em o que nos esperava para o café da manhã.

Na foto abaixo, nosso anfitrião Alexandre Gennari, seu amigo Adalberto, Claudia Mesquita, minha companheira de viagem  e eu. Na sequência, o café, claro coado na mesa !


1 comentários em ““Mai será o Binidito?”

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