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Coronavírus obriga empreendedores e profissionais liberais a buscarem alternativas

Trabalhadores informais de baixa renda aguardam pelo auxilio de R$ 600 mensais do Governo Federal. Na outra ponta, autônomos e profissionais liberais tiveram contratos e eventos cancelados e precisam inovar e usar criatividade para vencer a crise e garantir o sustento da família

Por Sonia Marques

Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estimam que chega a 59,2 milhões o número de pessoas elegíveis para o auxílio emergencial de R$ 600 aprovado pelo Congresso como resposta à crise do coronavírus.

O benefício busca garantir uma renda mínima para famílias pobres que dependem do trabalho informal e seguiu para a sanção presidencial.

Divulgado nesta quarta-feira (2) pelo instituto, o estudo projeta três cenários, alterando a adesão de beneficiários não inscritos no Cadastro Único do Governo Federal. Segundo o Ipea, apenas cerca de 80% dos potenciais beneficiários do auxílio constam no cadastro, e os outros 11 milhões precisarão ser localizados e incluídos no programa.

O projeto de lei aprovado no Senado e na Câmara prevê um auxílio emergencial de R$ 600, por três meses, a trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa em famílias de baixa renda. As mães chefes de família poderão receber duas cotas do auxílio, ou seja, R$ 1.200,00. Para as famílias inscritas no Bolsa Família, o auxílio substituirá o benefício regular do programa nas situações em que for mais vantajoso. O Ipea calcula que 30% dos potenciais beneficiários estão no Bolsa Família.

Mas e quem não está nesta categoria? Como estão fazendo os empreendedores autônomos para driblar a crise financeira provocada pelo isolamento social?

Elaine Barbaresco ja vislumbra novo segmento no mercado e se preprara

Com todos os eventos cancelados até 2021, a produtora de eventos e festas Elaine Barbaresco, moradora da Granja Viana diz que vai mudar de ramo. “O cenário de eventos está comprometido. Aglomeração de público deve levar cerca de um ano pra voltar a ser autorizada”, prevê. Enquanto isso, cumprindo o isolamento social ela contou à nossa reportem, pelo whatsApp  que investe em cursos de formação  on line e se prepara para migrar para outras áreas e foca no ramo hoteleiro e de turismo com eventos mais intimistas. “Passada a crise, penso que esse setor de turismo e eventos estará nocauteado. E eu enxergo que meu perfil pode ajudar”.

No caso do Designer gráfico e Consultor de Vendas Guilherme José da Silva morador da região central de Cotia, os contratos não foram cancelados, mas as entregar prorrogadas e com isso, os recebimentos também, uma vez que estão vinculados à entrega e finalização dos serviços. “A rotina profissional mudou radicalmente, tomamos a decisão de aderir a quarentena, pois entendemos a gravidade e os riscos da contaminação.”

Guilherme José: “mais do que nunca os processos deverão ser otimizados”

Menos esperançoso que Elaine, o Designer diz que a curto prazo não vê um horizonte muito promissor pós pandemia. “A economia já estava desacelerada, nossa moeda desvalorizando dia após dia. Portanto mais do que nunca os processos deverão ser otimizados.”

Como alternativa para driblar a crise Guilherme diz que a ideia é o oferecer um produto com custo mais acessível, levando em conta que a venda está diretamente ligada ao poder de compra.

“A palavra de ordem é reinventar! É Criatividade e inovação. E pra mim, é principalmente bom humor”, diz Maristela Serpejante Porfírio, Consultora em Desenvolvimento Profissional e Coach.

Ela contou que sua rotina de trabalho mudou bastante. O marido também é autônomo, Marido de Aluguel, e eles tem uma filha adolescente. A assistente do lar foi liberada para ficar em casa e agora ela  precisa dividir o tempo entre os afazeres profissionais e domésticos.

Workshops, cursos presenciais, palestras para empresas, todos cancelados e não tenho previsão de quando as empresas vão voltar com essas atividades até porque depois que voltar elas [as empresas] vão levar um tempo para se reorganizarem e terão que segurarem os gastos”.

Sobraram poucos cursos on line que não suficientes para cobrir as despesas. Mas Maristela não reclama, diz que este é o momento de aproveitar para descobrir novas competências e ocupar o tempo de forma útil.

Maristela: “o universo fez a gente parar para repensar os nossos tempos”

Para não perder o mercado, investe na produção de conteúdo. “O lado bom é que quem não tinha o hábito de fazer cursos e assistir palestras por meio de vídeos, vai adquirir esse hábito” Pensando nisso, ela foca na produção de conteúdo e promove eventos gratuitos. “Também como forma de apoiar e ajudar as pessoas que vivem esse momento complicado a se descobrirem”.

Sem renda fixa e nenhum outro meio de prover o sustento da família, inovação e criatividade entram em cena. Maristela focou na criação de cursos focando em nichos específicos como mediação de conflitos em condomínios – aproveitando que tanta gente em isolamento social conflito é o que não vai faltar. Na outra ponta, seu marido começou a revender coisas que as pessoas precisam e atender as emergências domésticas como canos furados, torneiras quebradas, aquelas coisas que não podem esperar o conserto numa casa. E se tornou representante de uma indústria de álcool gel.

A outra palavra escolhida por Maristela foi aprendizado: “estamos [a família]  muito mais juntos, mais unidos, nos declarando amor muito mais. Acho que as famílias precisam aproveitar isso. Estávamos em um mundo louco e o universo fez a gente parar para repensar os nossos tempos, os nossos valores e aquilo que a gente tem de importante na vida.”

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