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A novela do transporte coletivo e alternativo de Cotia

Licitação de alternativo segue na Justiça. Oposição quer bilhete único. Prefeito ironiza e diz que queria assinar abaixo assinado, que faz estudo de viabilidade de projeto e anuncia que iniciou conversa com Governo do Estado sobre linha municipal para Caucaia do Alto

Muito se tem falado sobre transporte por aqui, na minha “Sucupira” que cada dia que passa tem mais cara “daquela Sucupira”. Mas vamos deixar os “teretetês” de lado [por enquanto] porque para quem mora ou trabalha numa cidade cortada pela Raposo Tavares e com um transporte público ineficiente, falar de transporte é tão importante quanto falar de política. E os dois temas se enroscam em alguns momentos.

Vamos começar pelo famoso Bilhete Único. O assunto ganhou as redes sociais dos cotianos  depois que o único vereador de oposição, Eduardo Nascimento (PSB)  entrou com projeto de lei propondo a criação do sistema na cidade.

Um parênteses sobre redes sociais dos cotianos: na verdade os cotianos só usam uma rede social, o Facebook. E na boa, a maioria usa muito mal.

O projeto foi rejeitado pela Câmara. Segundo publicou a Revista Circuito por “vício de iniciativa”. Ocorre que a Lei Orgânica diz que vereadores não podem fazer proposituras que gerem custos ao município, apenas o Prefeito. Mas de todo modo, o projeto teria sido rejeitado porque foi proposto pela oposição. Rogério Franco (PSD), o prefeito, tem como aliados 12 dos 13 vereadores.

Mas a oposição não se deu por vencida, fez um abaixo assinado para “exigir” do prefeito a criação do Bilhete Único. E foi um barulhão nas ruas e no Facebook . Pelo que apurei o abaixo-assinado ainda circula em busca de assinaturas.

Na ocasião da inauguração da sede da subprefeitura da Granja Viana, em 28 de agosto, o Prefeito em tom de ironia e uma boa dose de sarcasmo, reclamou que não levaram o abaixo-assinado para ele assinar, pois também é a favor do projeto.

Mais um parênteses: eu como já escrevi em outros textos por aqui, não gosto de dirigir e já a alguns meses estou sem carro e portanto, uso transporte coletivo. E algumas vezes passo muita raiva por isso. Dia desses quase perdi um exame médico após mais de 30 minutos no ponto esperando um ônibus.  Tô escrevendo isso porque também sou a favor do bilhete único, mas também não assinei, por não ter encontrado ninguém com o documento nas minhas andanças e até o momento não recebi nenhum contato. (juro que aqui não tem ironia ou sarcasmo)

Por fim, foi neste dia que eu aproveitei para interpelar Rogério Franco sobre o assunto.

Segundo ele, a Prefeitura faz estudo de viabilidade econômica para implantar o bilhete único na cidade. Mas antes disso, ainda precisa ajustar o transporte coletivo e acabar com a guerra entre os micro-ônibus do transporte alternativo e os ônibus da Viação Raposo Tavares, do Grupo Vida que há mais de 50 anos opera na cidade e no final do governo de Carlão Camargo, em 2016, venceu mais uma licitação por 20 anos.

Recentemente Coopertransbus – Cooperativa de Serviços, Trabalho e Suporte ao Transporte venceu a licitação que disputava com a Raposo Tavares, que entrou com recurso alegando que a cooperativa não atende as exigências técnicas do edital que é pelo menos três anos de experiência.  Leto, presidente da cooperativa, rebate e diz que neste caso, o que conta é a experiência de cerca de 20 anos dos cooperados.  A decisão caberá à Justiça.

“Quando encerrar vamos discutir com as duas empresas a integração do transporte”, disse o prefeito.  Mas ele questiona o conceito de bilhete único requerido por seus opositores quando comparam com o sistema utilizado na capital. Em São Paulo, o sistema incorpora além das linhas municipais, a CPTM e o Metrô que são dos serviços do Estado.  E mais, parte do custo da passagem é subsidiado pela Prefeitura.

“Em Cotia atualmente a prefeitura não subsidia nada mas se houver integração, acredito que terá de haver o subsidio”, comentou o prefeito. Em um primeiro momento, a integração em Cotia será apenas entre as linhas municipais em um período que ainda será estudado,  que pode ser de duas ou três horas, segundo o prefeito. “Mas não é bilhete único, o que eles falam de bilhete único não depende da prefeitura”, reforçou.

Como será após a novela da licitação acabar

O sistema será de integração. Vans e micro-ônibus se encarregarão das linhas alimentadoras, ou seja ligando os bairros às linhas principais que são operadas pelos ônibus da Viação Raposo Tavares, mais conhecida como “Danúbio Azul”.

Rogério Franco adiantou que serão criadas novas linhas. Eu espero que bairros distantes da Raposo sejam contemplados com essas novas linhas pois ainda há muita gente que precisa andar quilômetros até um ponto de ônibus.

Também faz parte do projeto, segundo o prefeito a adoção de um cartão único para o pagamento das passagens. Atualmente a Raposo Tavares aceita   BOM, que é intermunicipal e este não é aceito no alternativo. “Se não for possível adotar o BOM, vamos implantar um cartão municipal”, disse o prefeito.

Só para saber, como é o Bilhete único em São Paulo segundo SP Trans:

O Bilhete Único é um sistema de bilhetagem eletrônica que unifica em apenas um sistema, toda a bilhetagem dos meios de transportes  gerando assim benefícios aos seus usuários, tais como as tarifas integradas, ou seja, o Bilhete Único oferece desconto ou isenção da tarifa ao se utilizar meios de transporte dentro de um determinado período de tempo. Para o sistema de transporte público, o Bilhete Único é vantajoso, pois o dinheiro entra no caixa antes do usuário utilizar o transporte público e há economias com impressão de bilhetes, além diminuir o interesse por assaltos.

O Bilhete Único da cidade de São Paulo foi uma solução criada pela SPTrans (São Paulo Transporte S/A), empresa responsável pelo transporte de ônibus, ligada ao governo municipal. Hoje em dia, o Bilhete Único também é aceito no Metrô e nos trens da CPTM.

São permitidos:

  1. Dois embarques em ônibus diferentes, no período de três horas, com o pagamento de uma tarifa Vale-Transporte Ônibus.
  2. Um embarque em ônibus, em até 3 horas e um embarque no sistema trilhos (Metrô/CPTM), nas duas primeiras horas, com o pagamento de uma tarifa Integração Ônibus + Metrô/CPTM Vale-Transporte.
  3. Um embarque no sistema trilhos (Metrô/CPTM), pagando uma tarifa Vale-Transporte Metrô/CPTM.

A linha intermunicipal de Caucaia do Alto

Outra novela que ainda não teve final feliz, é a que trata das linhas que ligam a região central de Cotia ao distrito de Caucaia do Alto, que são consideradas intermunicipais porque em determinado trecho, cruzam o município de Vargem Grande Paulista. E com isso a passagem é mais cara.

Desde a gestão de oito anos de Carlão Camargo que a possibilidade de mudar isso, e fazer as linhas se transformarem em municipais vem sendo tema de conversas entre os governos municipal e estadual. Sem sucesso.

De novo, o tema volta a fazer parte de conversas entre os governos.  No último dia 11, Rogério Franco divulgou que se reuniu com o Secretário de Desenvolvimento Regional de São Paulo, Marcos Vinholi para iniciar a conversa. Aguardemos.

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