Primeiro encontro do coletivo Delas por Elas debate desafios da maternidade atípica em Cotia

O coletivo Delas por Elas realizou na noite desta terça-feira (30/9) o seu primeiro encontro, no Salão da Associação de Moradores do Km 21, em Cotia. O tema de abertura foi “Os desafios de uma mãe atípica”, que trouxe para o centro da roda de conversa relatos sobre maternidade, amor e resistência.

As convidadas Michele e Priscila dividiram com o grupo suas experiências como mães de crianças autistas, expondo tanto a dedicação diária quanto as dificuldades enfrentadas diante da falta de políticas públicas efetivas. Elas destacaram que o município oferece apenas o CAP’s como suporte, mas o serviço já se encontra  sobrecarregado. Outro ponto levantado foi a ausência de apoio institucional após os 10 anos de idade das crianças. Essa realidade impõe às famílias, especialmente às de baixa renda, questionamentos urgentes: como garantir sustento, cuidado com a casa e espaço para si mesmas, enquanto lutam por direitos básicos?

As reflexões levantadas repercutiram entre as participantes, que se reuniram para ouvir, trocar experiências e se fortalecer em conjunto. O encontro marcou o início de uma rede de apoio que pretende ampliar vozes femininas e abrir espaço para histórias reais de coragem, superação e, principalmente, acolhimento.

Sobre o Coletivo Delas por Elas:
Apoio, coragem e superação entre mulheres reais
Delas por Elas é um projeto criado para reunir mulheres em encontros periódicos dedicados à escuta, partilha de experiências e fortalecimento mútuo. A iniciativa nasce da necessidade de oferecer um espaço seguro, afetivo e transformador, em que histórias reais de superação, dor e coragem possam ser compartilhadas, acolhidas e reconhecidas.

Com uma proposta simples e potente, o coletivo busca construir uma rede genuína de apoio entre mulheres de diferentes idades, origens e contextos. O objetivo central é promover apoio emocional, inspiração e protagonismo feminino a partir da troca de vivências.

Como funcionam os encontros
Os encontros têm duração média de 1h30 a 2h e são realizados em formato de roda de conversa, sempre em um ambiente acolhedor, com café, água, chá, biscoitos e momentos de escuta respeitosa. Cada encontro conta com a fala de uma convidada ou facilitadora, seguida de uma roda de partilha. Dinâmicas leves, como exercícios de escrita, respiração, dança ou arte, também podem ser incorporadas.

Quem pode participar
O projeto é voltado para mulheres adultas que não apenas desejam compartilhar suas histórias, mas também estejam dispostas a ouvir outras trajetórias e construir juntas uma rede de apoio. Mais do que encontros, o Delas por Elas se apresenta como um espaço de pertencimento e inspiração.

Inspirações e referências
O Delas por Elas se inspira em círculos de mulheres, tradições ancestrais e metodologias de apoio coletivo, como a terapia comunitária integrativa e práticas colaborativas já consolidadas em outros projetos sociais.

Identidade e próximos passos
O coletivo já está estruturado com equipe de apoio voluntária, perfil oficial no Instagram @delasporelascoletivo e encontros temáticos programados. O cronograma inicial contempla conversas sobre autoestima, superação, relações, cicatrizes que ensinam e conquistas vindas da dor.
Mais do que um espaço de conversa, o Delas por Elas é uma rede que valoriza cada voz feminina e reafirma que compartilhar histórias é também uma forma de cura e resistência.

Procurada para comentar sobre as difculdades relatadas pelas mulheres, a Prefeitura de Cotia informou que os CAPSs oferecem atendimento em saúde mental da melhor maneira em seu contexto, “já que é hoje o único espaço público de referência para pessoas com TEA.”

Em nota, a Secretaria da Mulher, Neurodiversidade e Inclusão Social destacou que a “atual gestão caminhará com o projeto de ampliação de recursos humanos, fundamentais para um cuidado de qualidade. Esta pasta, inclusive, é uma pasta transversal, ou seja, atua de forma integrada, de modo que todas as questões relacionadas à neurodiversidade perpassam pelo desenvolvimento social, pela saúde e por diversas outras pastas do governo.”

Dentro dessa Secretaria, a Prefeitura oferece o cadastro do CIPTEA, que permite conhecer e acompanhar melhor as necessidades da população. É observado o crescimento no número de pessoas neurodivergentes, “o que reforça ainda mais a urgência de políticas públicas sólidas e humanizadas”.

“A gestão municipal tem buscado apoio Federal e Estadual, como em recente visita feita à Brasília com vistas a angariar recursos que permitam a Cotia sanar essas e outras demandas, em curto e médio prazo, viabilizando centros de referência especializados, humanizados e preparados para acolher.

O atual governo assumiu a gestão da cidade e a responsabilidade de cuidar deste público com dedicação, articulação e consciência de que nada se constrói da noite para o dia.

As famílias atípicas sabem que a vida é construída um dia por vez — e é exatamente assim que a gestão municipal segue firme com o trabalho para garantir que os recursos cheguem o mais breve possível à nossa cidade e, como esforços coletivos Cotia construirá uma rede de cuidado cada vez mais justa, humana e inclusiva”, finalizou.

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