A vida começa aos 40 (depende)
Eu cresci e passei boa parte de minha vida até aqui ouvindo as pessoas dizerem que a vida começa aos 40 anos de idade. Depois descobri que o responsável por essa frase ou por essa definição, foi o Psicólogo norte-americano Walter Pitkin, que em 1932 publicou um livro com esse título, mais precisamente “Life begins at forty”. Para ele 40 anos era a idade da maturidade.
A expressão virou tema de filme e constantemente é usada como “desculpa” pelas atrapalhadas ou erros da vida, que só vai começar mesmo aos 40, ou seja, até lá, tudo é rascunho, ensaio para uma vida plena pós juventude.
Não faço ideia de quem foi o tal psicólogo que inventou essa besteira, até porque em 1932 chegar aos 40 anos de vida era para poucos.
Qualquer coisa que eu escrever aqui sobre isso, poderá soar piegas ou clichê. O fato é que ainda menina, fiz planos para quando eu debutasse nessa idade. Que importava fazer 15 ou 18 como qualquer menina comum? Eu queria mesmo era que chegasse logo meus 40 anos! Ai sim, estaria com minha carreira e minha vida financeira estabilizadas, minha casa com piscina e meu cachorro Pastor Alemão (hoje todos querem ter um Golden Retriever caramelo). Nada mal para a filha da doméstica e do operário começar a vida, não é mesmo?
O tempo foi passando e a menina crescendo. Os 40 anos chegaram em 2011 sem a casa com piscina e sem o Pastor Alemão mas, em compensação, alguns vira-latas ficaram na lembrança para sempre.
Uma flor de Lótus azul cravada em minhas costas marca a minha chegada aos 40. Uma planta oriental muito interessante. É, geralmente, símbolo de que a pessoa conseguiu superar dificuldades e seguiu com sua vida.
Não, antes que perguntem, no meu planejamento não constava o príncipe encantado num cavalo branco, nem um casal de filhos que talvez se chamassem Gabriela e Mateus, os nomes populares de um tempo atrás. A vida financeira? Melhor deixar pra lá. Mas não posso dizer o mesmo de minha carreira. Me tornei uma jornalista mediana que se arrisca na poesia e até escreve umas boas crônicas.
Definitivamente a vida não começa aos 40. Mas ela pode ser muito melhor a partir daí.
A vida é um eterno recomeço (mais um clichê) e a idade cronológica é só o tempo passando. Mas a experiência acumulada após os 40 e mais recentemente após o 50, nos torna pessoas mais ousadas, mais leves e despreocupadas com pudores e tabus. As verdades podem ser escancaradas e nem doem tanto. As rugas, os cabelos brancos, as gordurinhas a mais são apenas detalhes. O sexo? Esse também está mais maduro, mais seletivo e muito mais gostoso. Mas, se não houver sexo, tá tudo bem também.
Eu não sei como terminar essa crônica, afinal a vida é uma eterna crônica em constante atualização, talvez um dia eu volte aqui para contar como foi minha passagem pelos 50, 60,70…



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